terça-feira, 17 de abril de 2012

Meu grude

Eduardo está tão grudado comigo que eu não aguento tanta felicidade. Eu chego ele corre, eu passo ele levanta os bracinhos pedindo colo, eu sento ele vai perto, olha lindo, sorri.

E eu, aqui, orgulhosa como sempre, aceitando os momentos felizes, certa de que os merecemos, rejeitando os tristes, pois que são passageiros.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Alguns dias...

Em alguns dias, as verdades são mais duras, as culpas mais pesadas, as quedas mais doídas. Em alguns dias, um simples ataque de birra do seu filho é capaz de abalar suas estruturas. Em alguns dias, a felicidade está ali, em repouso, aguardando espaço para agir. A felicidade que sempre está presente, algumas vezes parece se esconder um pouco. Porque em alguns dias eu só gostaria de entender. Certo, o autismo é genético. Aconteceu. Agora é lutar. Talvez em compreenda, talvez eu raciocine, talvez eu aceite. Talvez...

Como falei ontem: para ter Eduardo, eu teria mais 200 Eduardos, e seria 200 vezes mais feliz, com Eduardos do jeitinho do meu, porque vai ser lindo daquele jeito lá em casa. rsrsrs

A despeito de saber que Eduardo é meu presente, que Deus só confiou ele a mim por saber que sou capaz, algumas vezes eu choro: quando bate a dúvida e eu não sei se estou no caminho certo, quando eu não tenho a certeza de seu desenvolvimento.

Algumas vezes choro pela dificuldade de comunicação que é tão angustiante para meu filho que ele bate no próprio rosto e em mim ou em quem estiver por perto. E eu eu fico ali, agindo, contendo a raiva do meu príncipe, um príncipe tão lindo, tão meigo e especial que me custa acreditar que ele faz aquilo, em que pese seja o que vejo. Um príncipe com um sorriso tão lindo, que me olha tão encantador, e eu não sou capaz de conter sua raiva. Ontem, eu sabia o que ele queria, precisava apenas de uma forma de mostrar que tinha entendido. Mostrei, mas ele não quis ver.. queria o que queria, na hora.. eu não pude fazer nada além de assistir a sua angústia. Eu não pude fazer nada além de repetir em seu ouvido o quanto o amava, que estava tudo bem e resolvido e que em alguns momentos ele teria o que precisava. Eu só pude assistir.

Então, eu choro, sabendo que vai passar, sabendo que é um momento, permitindo ser fraca neste instante. Ali, sou só a Alê. Ali, preciso reunir as forças e encontrar a mãe, e a mãe não tem tempo para chorar. A mãe precisa curtir os filhos maravilhosos que a vida lhe deu de presente. É um mergulho rápido na dor. Talvez necessário para seguir, sabendo que a vida é feliz, alegre e que sou abençoada. Alguma coisa de muito boa devo ter feito para receber tantos presentes.

Filho, eu sei que um dia você vai entender que tem uma mãe alegre, feliz e, também, emotiva. E você vai entender que todas as vezes que mamãe chorou foi por amor, porque o amor faz rir e chorar. E um dia, ainda, você vai entender que o meu amor por você só me fez sorrir. Chorei de preocupação, chorei de amor, também, mas pela preocupação. O seu amor só me trouxe felicidade. O seu amor ensinou que uma mãe supera tudo. Que lágrimas apenas limpam a alma. Estou limpando a minha, agora, porque daqui a pouco vou te ver e quero ser apenas amor e sorrisos. Deixo as lágrimas aqui. Hoje, só preciso de um abraço que me mostre que tudo vai dar certo. E terei abraços duplos, daqui a pouco. Posso reclamar? Nunca.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Dia internacional da conscientização do autismo

É hoje, dia de colorir o mundo de azul, dia de falar nas diferenças, dia de pensar em formas de aniquilar o preconceito. Dia de semear.

É verdade, o diagnóstico de autismo de Eduardo não foi fechado. É verdade, alguns profissionais discordam que seja autismo.

É muito cedo para Eduardo, mas a certeza de que um diagnóstico precoce é fundamental para o desenvolvimento de uma criança com características autísticas me faz crer que precisamos disseminar informações. Ademais, preconceito é preconceito, e se forma contra qualquer diferença. Hoje é dia de vestir azul, de lutar pelo que acreditamos.

Eu estava muito forte, com minha blusinha azul, até levar as crianças na escola. Chegando lá, Joélia mostrou que tinham lido a história "Leonardo, o leão diferente" para as turminhas. O livrinho conta a história de uma mãe (leoa, como quase todas) que percebeu algo diferente em seu filhote. Comecei a chorar e não parei até agora.

Recebi demonstrações de apoio e amizade. Não consegui parar de chorar ainda.

Apenas sei que meu amor é inabalável. Das tantas mensagens positivas, a mais bonita que vi foi: ensina-me de várias formas, pois sou capaz de aprender.

Eduardo aprende muito. Sua capacidade de conhecer talvez seja superada apenas pela sua capacidade de ensinar. Bastar olhar com olhos limpos. Basta ouvir com atenção a sutileza de sua comunicação. Ele está ali, íntegro, completo, basta olhar. Basta amar. Basta pegar em sua mão e permitir ser levado, para onde ele quiser.

Meu filho, não sei se tens autismo, não sei a causa do atraso no desenvolvimento, não sei o motivo pelo qual eu não realizei o sonho de conversar com você e ouvir sua vozinha. Eu choro preocupada por não saber. Choro preocupada com seu futuro. Também choro agradecida, pois você me mostrou que nada supera o que você é, meu filho lindo e amado. Choro agradecida, porque você me ajudou a identificar as pessoas que realmente valiam a pena manter por perto.
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