quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Carinho com a vovó

O amor entre Eduardo e sua avó (minha mãe amada) está cada vez mais evidente. Hoje, chegamos em casa e ficamos vendo TV no meu quarto. Vovó deitou a cabeça no colo do Eduardo, que imediatamente abraçou a avó e encostou a cabeça dele na dela, fechou os olhos e sorriu. Lindo. Pena que não tinha uma máquina e essa imagem vai ficar apenas na minha lembrança.

E aquele dificuldade em demosntrar carinho? Parece que faz parte do passado...rs

E ainda hoje, falam que autistas têm seu próprio mundo. Que nada, eles amam participar do mundo de todos, que é o mesmo. Só precisam de uma forcinha para demonstrar.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Quando o autismo é apenas um detalhe

              O desenvolvimento de Eduardo me deixa com um sorriso enorme no rosto e com o coração aquecido. A querida Lívia, psicóloga, sempre falava que ele precisava estar seguro para demonstrar seus desejos, para brigar pelo que queria, e que isso era muito importante para o desenvolvimento. Pois agora, Eduardo briga com Luísa pelos objetos. Ela sempre tomou o que quis das mãos dele. Agora, quando ele quer, não desiste fácil, como fazia antes. E eu fico ali, vendo a luta entre os dois e sorrindo orgulhosa. Tá certo, sei que é um pouco diferente do que geralmente acontece, já que as mães não querem ver os seus filhos brigando. Mas é uma vitória grande para o meu filho, eu sei.

            E sorrindo eu lembro dos dias seguintes ao primeiro diagnóstico, quando eu achei que fosse impossível ser verdade. Pior, que se fosse verdade, seria impossível sorrir de verdade. Eu estava enganada. Primeiro quanto a ser verdade. Nada é verdade para sempre. Hoje eu sei que meu filho apresenta características autístitas. Hoje sei que farei tudo que puder para que ele desenvolva o que tem de melhor, para que seja uma boa pessoa, feliz, independente. Depois, superada a fase de angústia perfurante, eu percebi que meu presente, meu filho, continuava trazendo todas as alegrias que me trouxe ao chegar e que eu tanto tinha sonhado. Melhor, trouxe muitas mais, mudou a minha forma de encarar a vida, os pequenos motivos diários para sorrir agora já não passam desapercebidos, uma montanha não precisa mudar mais de lugar para que eu perceba, a caminhada não é mais banalizada, o desenvolvimento não tem mais o tom do corriqueiro. Cada obstáculo transposto é comemorado como vitória, cada olhar do meu filho é comemorado como o primeiro, cada dificuldade é vista como ela é, sem enfeites, sem desespero, buscando a melhor estratégia.

           E eu tenho que continuar agradecendo ao acaso, caso ele exista. Ontem eu vinha desanimada novamente, nessa montanha russa de emoções, preocupada, triste, porque Eduardo estava batendo a cabeça nos lugares e na gente. Conversei com a psicóloga e ela disse que temos que aguardar, mas que é um comportamento normal em crianças, que temos que mostrar que ele tem outras formas para lidar com a raiva e a frustração. Ainda assim, vinha com o coração apertado pensando nisso quando parei no sinal, olhei para o lado e vi um pai carregando um filho do carro para a cadeira de rodas. A criança não segurava a cabeça direito. É um ser humano, igual a todos nós, com sua carga de dor, como todos nós. O pai sorria conversando com o filho. O filho sorria de volta. Não sei o que aconteceu com aquela criança. Fato é que pode acontecer qualquer coisa, a qualquer momento, com qualquer um. Fato é que aquele pai olha para o filho como todos deveríamos olhar, como uma criança, sorrindo.

          Não acredito que os problemas de uns servem para nos aliviar. Não acho que temos que ficar bem porque tem gente em situação pior. Acredito, sim, que é importante olhar para o lado para perceber que os problemas são inúmeros, mas que os bons sentimentos continuam sim levando os homens pela beleza vida, embora haja tanto horror por aqui. Acredito que os motivos para as dores podem estar ocultos, mas não é importante, agora, descobrir estes motivos. Que o importante, de verdade, é a forma como encaramos o caminho.

         Assim, sei que estou no lugar certo. Não por ser uma boa mãe, mas porque sei que meus filhos são presentes divinos e que o mínimo que posso fazer é propiciar as condições para que os dois sejam felizes. Foi aí que o autismo ou seja lá qualquer coisa que fosse, passou a ser mero detalhe. Meu filho não é o autismo. Ele pode estar com autismo, mas não é o que ele é. Ele é um guerreiro, um lutador, alguém que supera tudo com força, com seu rostinho sério, com sua determinação.

      Eu não queria mudar o meu lugar. Sinto muito orgulho de estar aqui, como mãe do Eduardo e da Luísa. Sinto muito orgulho pela inteligência da minha filha, por ela ser sapeca, esperta, tagarela. Sinto muito orgulho pela inteligência do meu filho, por ele mostrar seu aprendizado, independente das dificuldades, pelo sua cabeça erguida, porque ele é gentil, carinhoso. É isso que ele é e eu só posso agradecer, por tudo.

Por fim, chegar e encontrar aqueles sorrisos, não tem preço.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Muito carinho

            Lembro que em uma época muito angustiante, quando não sabia o que estava acontecendo com Eduardo e não encontrava apoio, era muito difícil perceber, também, que além de não conseguir me comunicar com meu filho, ele ainda não aceitava os meus carinhos, não se aconchegava no meu colo, não me abraçava, fugia dos meus beijos. Quando estava sentado no chão e eu tentava passar a mão nas costinhas dele, Eduardo se afastava de mim o suficiente para sair do meu alcance, sempre mais um pouco quando eu tentava repetir o gesto. Quando não ficava bem, ele não procurava o meu abraço, os meus cuidados, minha proteção.

             Os tempos daquela angústia absurda ficaram no passado, jundo com aquele menino distante. Hoje Eduardo quer carinho, disputa o colo com a irmã, não gosta de ficar sozinho, faz carinho na gente e busca o nosso chamego, quando está chateado corre para o colo, quer brincar. Mesmo sem falar, tenta se comunicar.

          E eu fico chamegando com meu filho, e nossa vida é de beijos, abraços, música, tudo como ele demonstra que gosta. Não sei o que deu certo. Mas acredito que, principalmente, ele percebeu a mudança na minha forma de interagir com ele, após as orientações da psicóloga, minha querida Lívia. Essa profissional que é tão carinhosa que parece uma amiga de muito tempo me ajudou a olhar para o meu filho, a ver as sutilezas dos seus gestos, a entender o que ele estava me mostrando, a  mostrar para ele todo meu amor. Hoje Eduardo é muito mais seguro e, indubitavelmente, muito mais feliz, que é mais importante. Claro que, assim, eu também sou muito mais feliz.

          

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Imitando o 1, 2, 3 e jááááá

Sempre que brincamos com Eduardo usamos um comando "1, 2, 3 e já" para que ele corra, jogue a bola, empurre o carrinho ou qualquer outra brincadeira que caiba a contagem e a espera. Na natação o instrutor também usa o comando para que ele saiba a hora de mergulhar.

Na psicóloga, a queridíssima Lívia, incorporamos o comando para várias brincadeiras. Primeiro, percebemos que ele adora a espera até o JÁÁÁÁÁÁ. No 2 já começa a rir. Depois a Lívia percebeu que ele permanecia olhando para ela durante a contagem. Era o momento de maior troca de olhares entre os dois. 

Há uns dias começou uma novidade: na hora que Livia fala "já", Eduardo também abre a boca, imitando. Para uma criança que ainda não imita os gestos das outras pessoas, isso é maravilhoso. Não sai som nenhum, ainda, mas ele abre a boca junto com ela e parece que vai sair o "jáááá" a qualquer momento.

Como mamãe, fico toda sorridente..rs
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