quinta-feira, 25 de julho de 2013

Cansada

Cansada de remar, apontar pra fé.
Cansada de repetir nossa história. De compartilhar nossos momentos com quem nem sei se vai fazer parte da nossa vida, a cada nova consulta.
Cansada de encontrar uma fórmula mágica em cada teoria apresentada por um profissional novo.
Cansada de ser julgada, virada pelo avesso, questionada em todas as atitudes.
Cansada de querer dormir, sem conseguir.
Cansada de sonhar que meu filho fala, que meu filho estuda, que me conta como foi seu dia, que quer brincar com outras crianças.
Ai, meu amor, mas é um cansaço passageiro.
É um daqueles dias em que as coisas estão turvas, a esperança foi descansar um pouco, é um dia necessário para criar mais forças.
É um dia que constato mais ainda o quanto amo você.
É um dia que eu daria tanto pra que tudo fosse diferente, meu amor.
Mas, não é. E isso não muda em nada todo sentimento que sinto por você.
Vou descansar e vamos continuar.
Vamos em frente, meu amor. Sei que teremos muitas surpresas agradáveis.

terça-feira, 16 de julho de 2013

O mundo é bom...

"Porque aqui o mundo não será cão"

Não na nossa casa, meu amor. Não perto dos que amam você. O mundo é bom, Dudu. São muitas mazelas, muita tristeza e muita injustiça, eu sei. É um mundo de discriminação, preconceito, prepotência. Eu bem sei. Fora do nosso ninho, as pessoas olham com maldade, como se fosse nossa culpa um grito, uma reação fora dos padrões esperados, um menino deitado no chão por não querer subir as escadas. As pessoas olham e passam. Poderiam apenas passar, já que não se permitem ajudar, mas antes olham, com maldade, e passam.
Mas, filho, a mamãe garante, ainda assim o mundo é bom, o mundo é teu. Sabe, filho, mamãe tem a sorte de encontrar muitos anjos pelo caminho. Mamãe tem amigos que estão sem pre conosco, ainda, com tantas adversidades. Meu amor, nossa família - tiDéa, tiMarcus, vovó, Luísa - são nossa força, nosso apoio, presença incondicional. São tantos que te amam, meu amor.
Filho, há tanta generosidade no mundo. Há pessoas que fazem a diferença. Há quem tenha o coração puro, aberto, sorrisos genuínos, desinteressados. Há pessoas que querem apenas o bem do outro, filho. Há pessoas com quem contamos, em qualquer ocasião.
Há música, filho. Músicas lindas. Música está em todas as horas da vida da mamãe e quero compartilhar isso com você.
Mamãe continua aqui, procurando a paz para te mostrar a beleza desse mundo.
Porque, filho, quando você chegou, aí sim, eu tive a certeza do amor. E o amor, filho, só o amor é capaz de conquistar o impossível. O amor é capaz de iluminar a vida. Por amor, filho, dizem que sou guerreira. Só por amor. Você me transformou.
Então, venha viver, meu amor. Que eu me cure, que o que for ruim do mundo seja curado, e que você possa ser quem você é, meu amor, que teu olhar amoroso possa mostrar que as diferenças não importam, que possamos enxergar além. Mas, não precisamos esperar a cura do mundo, meu amor. Há coisas lindas. Basta olhar pro lado. O mundo é bom. O mundo é teu.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Novos profissionais.. novas informações

Ontem teve a primeira consulta de novas profissionais do DUDU. Fono e TO.

É um pouco cansativo. A cada consulta são novos conceitos, dicas para mudança de atitudes antes indicadas por outros profissionais. Cada um com suas próprias experiências, sua própria certeza do melhor método, suas habilitações. Cada um aposta em um caminho.

Precisamos fazer tantas escolhas, na fé que acertaremos, que encontraremos o caminho mais adequado para quem amamos.

Sempre uma aposta no escuro.

O psicólogo questiona a escola. A TO diz que ele não poderia estar em escola melhor.

E aí?

Seguimos com a nossa intuição. Medo de errar. Pressão.

Nada mais é confortável. Todas as nossas decisões precisam ser explicadas para alguém que anota, anota. Será que essa conseguirá chegar no meu filho? Será que essa terá sensibilidade para encontrar o caminho da interação com ele? Escuro.

Sou movida pela fé. Que esta, pelo menos, nunca me escape.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Longa adaptação

"somos pássaro novo
longe do ninho"

Talvez  o que nunca deva ser esquecido ao lidar com uma criança especial é que nada está vencido. Há sempre o risco de perder o que já foi conquistado.

Algumas vezes eu me sinto assim, pássaro novo longe do ninho, o medo no meu colo. Será que Dudu também se sente longe do ninho, mesmo deitado com a mãe?

Tantas vezes ele me olha como se me entendesse. Tantas vezes ele me olha como quem diz: ei, está divertido.

A adaptação está difícil. Ainda não encontramos a escola ideal, por não ter vaga nas que mais gostamos. Ainda não encontramos a terapia adequada. Hoje iniciaremos nossa terceira tentativa. Eu fico com o coração na mão, pedindo que dessa vez dê certo. Ele fica impaciente.

As cabeçadas voltaram. Sofro eu, a irmã, a avó, a tia.

O choro sentido voltou. Sofrem nossos corações, sem compreender.

Na ausência da fala, eu tento ouvi-lo com o coração, com o olhar, com a experiência do nosso tempo juntos. Muitas vezes dá certo. Poucas vezes ele compreende o não. Então, mais cabeçada, mais tapas, mais choro sentido.

Quem sabe esse novo grupo de terapeutas que iniciaremos hoje terá sua parcela de ajuda no nosso caminho. Quem sabe, eu e Dudu possamos nos sentir no ninho novamente.


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