"somos pássaro novo
longe do ninho"
Talvez o que nunca deva ser esquecido ao lidar com uma criança especial é que nada está vencido. Há sempre o risco de perder o que já foi conquistado.
Algumas vezes eu me sinto assim, pássaro novo longe do ninho, o medo no meu colo. Será que Dudu também se sente longe do ninho, mesmo deitado com a mãe?
Tantas vezes ele me olha como se me entendesse. Tantas vezes ele me olha como quem diz: ei, está divertido.
A adaptação está difícil. Ainda não encontramos a escola ideal, por não ter vaga nas que mais gostamos. Ainda não encontramos a terapia adequada. Hoje iniciaremos nossa terceira tentativa. Eu fico com o coração na mão, pedindo que dessa vez dê certo. Ele fica impaciente.
As cabeçadas voltaram. Sofro eu, a irmã, a avó, a tia.
O choro sentido voltou. Sofrem nossos corações, sem compreender.
Na ausência da fala, eu tento ouvi-lo com o coração, com o olhar, com a experiência do nosso tempo juntos. Muitas vezes dá certo. Poucas vezes ele compreende o não. Então, mais cabeçada, mais tapas, mais choro sentido.
Quem sabe esse novo grupo de terapeutas que iniciaremos hoje terá sua parcela de ajuda no nosso caminho. Quem sabe, eu e Dudu possamos nos sentir no ninho novamente.
Aqui, quero compartilhar momentos especiais da minha vida com meus filhos amados, Luísa e Eduardo, gêmeos, muito esperados e desejados. Também, do caminho especial de Eduardo, que está com diagnóstico de atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e uma suspeita de autismo (traços de autismo ou autismo secundário). De Luísa, tão pequena e tão ligada ao irmão, já ajudando tanto no seu desenvolvimento. Meu desejo maior: que eles sejam felizes. Filhos, mamãe esperou a vida inteira por vocês.
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