quarta-feira, 4 de maio de 2011

E quando é diferente?

Nós nunca estamos preparados para o diferente, principalmente em relação aos nossos filhos. Na verdade, nossas expectativas beiram a perfeição. É difícil imaginar o que cada mãe especial passa ao saber (na gravidez, no nascimento, ou em qualquer momento da vida do seu filho, independente da idade) que aconteceu ou existe algo que vai levá-lo para outro caminho além do “normal”, um caminho de necessidades especiais. Geralmente quando isso acontece, tudo é incerto. Em se tratando de transtornos de desenvolvimento, não sabemos por quanto tempo esperaremos por um diagnóstico, se tudo vai se resolver, quais os níveis de melhora possíveis, o que podemos esperar. Passei por isso e não estava preparada, claro. Aí, me vi no meio do furacão. Ainda, achei que naquele momento não poderia enxergar mais nada além da minha vida e do meu filho. Que nada. Foi aí que comecei a olhar para os lados e sentir outras realidades.
Quando Eduardo começou a se desenvolver de maneira diferente das outras crianças, diferente da irmã, diferente do que diziam os livros e também do que eu esperava, eu senti medo, dor, angústia e culpa (será que eu tinha feito algo errado com meu bebezinho?) Mas, muitos outros sentimentos surgiram. Nesse novo caminho, vi crianças muito comprometidas, desses casos que a gente fica muito emocionada e passa dias pensando, vi os mais diferentes tipos de síndromes, vi crianças que não tinham nada e, por algum acidente, também se tornaram diferentes; vi esperança, vi aceitação, vi dúvidas e medos. Só não vi conformismo. As mães que conheci estão sempre lutando junto com seus filhos, lutando pelos seus filhos. Lutando no limiar de suas forças e quando essas forças findam, usam a força da família, dos amigos, dos próprios filhos, dos companheiros de jornada, dos anjos que teimam em aparecer nas nossas vidas. E ainda, quando parece impossível, encontram uma fonte de força escondida, que nem sonhavam existir. São mães que sofrem, vibram com qualquer conquista, mesmo que a vitória seja de outra criança que não o seu filho, riem e choram, só não deixam de olhar lá na frente, cheias de fé, certas de que algo muito bom vai acontecer. E vai. Também sou uma das mães-esperança. Hoje acho que a única coisa que importa na vida é ser feliz, e não é preciso muito para atingir esse objetivo. É preciso fazer o apenas o possível, mas fazer o melhor que se pode, e isso já nos traz a paz que precisamos para seguir, felizes. Enfim, hoje vibro por tudo que essas criaturinhas nos ensinam, mesmo sem saber falar, ainda que com a comunicação prejudicada. Talvez as almas se comuniquem quando o corpo não compreende.

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