quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Beijoqueiro

A correria das últimas semanas me deixou longe do blog, mas venho com uma notícia que me deixa só sorrisos.

Há algum tempo sempre que pedimos um beijo para Eduardo, ele vem com o rosto ou baixa a cabeça para ser beijado na testa. Eu já vibrei com sua atitude de superação, pois lembro de um período bem recente em que ele visivelmente não se sentia bem quando eu beijava seu rosto.

Agora quando eu pergunto: Eduardo, cadê o beijo da mamãe? Ele vem, abre a boca e encosta no meu rosto. Lindooooooooooooo.

Então, quando tudo está ficando cinza novamente, quando todas as preocupações ameaçam superar a esperança, quando parece que tem uma mão apertando o meu coração, eu pego meu filho no colo, beijo, sou beijada, vejo ele se aconchegando no meu colo e agradeço a Deus, mais ainda, porque além do grande presente em meus braços, Ele nos dá forças para continuar no nosso processo de evolução.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Depoimento no Big Motherns Brasília

Saí um pouco dos limites do meu cantinho e escrevi um post sobre meus amores, principalmente sobre como o autismo entrou nas nossas vidas, que foi publicado hoje em um blog que adoro: www.bigmothernsbrasília.com

O blog começou com o intuito de registrar os encontros de mamães de Brasília que, antes, se conheciam apenas virtualmente. Como essas mamães são muito especiais e dedicadas, o blog fugiu do projeto inicial e hoje traz informações amplas sobre a maternidade, suas alegrias, dificuldades. As blogueiras falam sobre dúvidas comuns, nos dão dicas valiosas, compartilham suas histórias, além de realizarem belas homenagens e ótimos posts sobre viagens, dentre outros. Estou sempre por lá.

Não quis carregar a mão na dor. Minha intenção foi mostrar que é possível passar por isso e sair mais forte. Que é possível sair do choque inicial, quando nos sentimos atingidos por uma bomba, despedaçados, e nem acreditamos quando olhamos no espelho e estamos inteiras. É possível reconhecer um milagre quando ele está na nossa frente, dentro da nossa casa, sendo chamado por você de filho. Mais, que é preciso ter olhos limpos, para ver as pessoas como elas são, independente de qualquer coisa. Aí sim, será possível varrer qualquer tipo de preconceito, por mais velado que seja. Que a dor nos quebra, mas é exatamente quando temos a oportunidade de juntar apenas o que temos de melhor e largar onde estão os pedaços ruins. Sangra, claro, mas nos transforma muito.

Para quem interessar, aí está o link do post.

http://www.bigmothernsbrasilia.com/2011/09/e-quando-uma-bomba-cai-sobre-nossa.html

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Festa de aniversário com os pequenos

Ontem, feriado, foi a festa de aniversário de 1 ano de uma menina fofa lá do prédio. Aconteceu em uma casa de festas e eu, até o começo da tarde, ainda não sabia se levaria os meninos, pois estão doentinhos. Mas, a quarta chegou e eles estavam bem, medicados, e resolvi passar por lá rapidinho.

A diferença entre essa festa e a última que fomos é gritante. Luísa não parou, ia de um brinquedo para outro, ficava dentro da casinha (linda, com bercinho, fogão, bonecas, carrinhos de bebê, livros), e, claro, no amado pula-pula.

Eduardo, por sua vez, também não parou. Festas sempre eram tensas pra mim, pois ele ficava isolado, longe das pessoas, sem olhar para os brinquedos. Na última, ele pegava minha mão e me levava para um canto, pedindo colo. E o pior, chorava, chorava, chorava. Eu sempre ficava com o coração apertado porque ele não estava bem e voltava cedo das festinhas. Dessa vez, ele se soltou, andou por perto dos convidados, sorriu, subiu sozinho no pula-pula, foi na casinha, entrava na piscina de bolinhas, tomou suco, correu, e o melhor, parecia bem feliz. E eu, orgulhosa.

Ficamos pouco tempo, dessa vez apenas para não piorarem da tosse. Saindo da festa em direção ao carro, Luísa disse:

- Quem ama festa? Eeeeuuuuuuuuu (levantando os bracinhos)

Tem como não achar lindo? rs

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Lágrimas nos olhos.

            Fiquei encantada com uma frase, em uma mensagem de um grupo sobre o autismo, registrada lá por Argemiro Garcia, pai de um lindo rapaz, que não conheço pessoalmente (nenhum dos dois). A primeira vez que li sobre Argemiro e sua família foi, nas minhas consultas pela internet, quando me deparei com seu blog "canto de anjo". Ah! passei dias ali, participando virtualmente do cotidiano daquela família tão sensata. Argemiro também tem os blog's Crônica Autista e Abraça, ambos na minha lista de blogs. Com certeza falta muito a falar da atuação de Argemiro em questões vinculadas ao autismo, pelo que peço desculpas. Tal falha se deve ao meu contato recente com o assunto. O que escrevi acima foi decorrente do breve contato que eu tive da sua, sem dúvida, valorosa contribuição.

      Dito isto, escrevo aqui a frase que me emocionou: "Que ninguém ouse dizer que um menino autista não é capaz."

       Ler aquilo trouxe nítidas lembranças de dezembro de 2010, quando uma equipe me falava que identificou, em Eduardo, mesmo muito novo, vários traços autistas. Embora não houvesse, ainda, lágrimas nos meus olhos, olhava para aquele laudo e todas as palavras nada mais eram que borrões em um papel, exceto as que diziam "diagnóstico: autismo infantil." Estas pareciam estar em 3D, saltavam, estavam destacadas perante os meus olhos. Do momento que saí daquela sala até a hora que me tranquei no banheiro e chorei até ficar exausta, tentando não ser ouvida, eu só conseguia visualizar uma criança perfeita, o meu bebê lindo, com olhos perfeitos, amado com tudo que meu ser podia oferecer, mas - o maldito "mas" que tanto me perseguiu - que não seria capaz de fazer nada. Foi meu primeiro pensamento, foi meu primeiro horror como mãe. Agora não era mais uma gripe ou uma febre, era autismo. Tá, aquela palavra não me dizia muito. Tudo que eu podia imaginar era uma pessoa, parada ou, no máximo, fazendo movimentos que eu não podia compreender. Hoje eu vejo que não compreendia nada. Foi a consolidação equivocada deste pensamento que me fez, por muito tempo, não consegui mais controlar o choro como o fiz no primeiro momento, que saí do consultório, fui pegar os meninos, cheguei em casa e só ali, trancada, desabei. Depois desse dia, o choro saltava a qualquer momento, em qualquer lugar. E eu passei vários meses com aquela cena petrificada nos meus pensamentos, tentado fazer que ninguém notasse que era assim que eu pensava, acho que sem sucesso. Minha tristeza era pública, mesmo que eu não dissesse uma palavra.

          A emoção que me causou a frase de Argemiro é reflexo da alegria de perceber que eu consegui me livrar desta visão equivocada; foi enxergar a verdade incrustada naquelas palavras; foi saber que eu me livrei do preconceito e que eu nunca mais ousarei dizer que qualquer pessoal não é capaz de fazer algo. Tudo isso, eu só posso agradecer aos meus filhos.

           Hoje eu percebo que não importa o tempo que determinada coisa é feita, importa o resultado, importa acreditar que acontecerá. Mais ainda, importa tudo o que foi realizado e conquistado pelo caminho, até chegar aquele resultado. Sim, felizmente, mais do que nunca, hoje eu sei: sim, meu filho é capaz, e que ninguém ouse dizer o contrário.


Coisa de Luísa

Minha pequena está muito tagarela, fala e canta, da hora que acorda até quando está tentando dormir a noite. Esperta demais.

Esses dias eu vesti um vestido preto e ela logo falou: tá tão bonita, mamãe...rs

Está comendo muito pouco. Tudo que oferecemos ela repete uma frase, como se aquilo fosse um ponto final, não me perguntem mais. Aí fica assim: Luísa, quer um franguinho? Ela responde: Não, muito obrigada.

Com esse clima seco, estamos todos resfriados lá em casa. Ela vendo aquela medição de febre nela e no irmão várias vezes ao dia, essa noite pegou no braço da avó e disse: eita, vovó, você está com febre. Vou pegar o tomômomo.

Foi para a sala e me chamou: mamãe, pegue o tomomomo.

Eu, que não tinha ouvido a primeira parte da história, fiquei sem entender e pedi pra ela me explicar de outra forma. Ela me puxou pela mão, apontou para o lugar onde fica guardado o termômetro e repetiu.

Eu falei: Você quer o termômetro pra que?

Ela, com as mãos na cintura e um ar meio impaciente: mamãe, a vovó está com muita febre.

kkkkkk. Ela quer cuidar de todos.

Ainda, quando Eduardo está impaciente e grita, ela põe as mãos na cintura e diz: Tenha calma Eduardo.

Mas, ela está batendo muito no irmão. Sei que é natural para a idade, mas aproveitamos essa fase para esclarecer alguns pontos. Luísa bate no irmão quando quer algo que ele tem, quando ele recebe carinho nosso, quando ele está em um lugar que ela quer, quando ela tem raiva por qualquer coisa, independente dele ter feito algo, e quando a gente dá bronca nela. Ou seja, tudo é motivo para que ela bata no irmão.

Na conversa com ela, vou falando nos valores da nossa família, que não vale a pena conseguir as coisas pela força física, que as pessoas devem ser respeitadas, todas, pelo total conceito de que são pessoas. Que devemos sempre contribuir para que o amor e o respeito sejam nossos guias pelos caminhos da vida. Que eles vieram juntos, ao mesmo tempo, na barriga da mamãe. Então, como gêmeos, que eles estão juntos desde o primeiro momento. Que desejo que eles se amem muito e cumpram sua missão por aqui.

Claro que isso vou falando na linguagem que eu acredito apropriada para a idade dela. Aí, na conversa, quando eu explicava que todas as pessoas eram iguais, ela me vem com: eu sei, mamãe, papai, irmão, vovó, vovô, tia déa, tio marcus, todo mundo, todo mundo (rsrsrs).

É, parece que a idéia de todo mundo ela entende bem...

O que vou consolidando no meu aprendizado como mãe é que, quando falamos com amor, os corações entendem, mesmo que batam há pouco tempo.
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