quarta-feira, 15 de junho de 2011

Interação e comunicação

        Fato é que interagimos e nos comunicamos das mais variadas formas e muitas vezes a palavra diz muito pouco. Entretanto, para mim, isso ficou realmente óbvio quando percebi que conseguia me comunicar com meu próprio filho. Um olhar, um toque, as nuances do tom de voz, a intensidade do choro ou a forma como o filho se aconchega falam mais do que palvras. Eduardo não fala, ainda. Eduardo quando ficava chateado ia para longe de mim. Quando eu pegava nas suas costas, ele se afastava o suficiente para que não fosse alcançado.

       Eu sonho com o dia que vou ouvir meu filho dizer o que deseja. Muitas vezes sinto que ele fica irritado quando não consegue expressar o que quer, o que está sentindo, o que precisa. E nós, da família, seguimos em busca de uma forma para nos comunicarmos com ele, enquanto este sonhado dia não chega, já que as palavras terão que esperar mais um pouco. Um pouco, tenho certeza.

        Eduardo chora quase sempre do mesmo jeito, seja de fome, de calor, de frio, para escovar os dentes, quando alguém pega o que ele quer. Assim, era muito difícil identificar o motivo para aquele choro, ao contrário do que acontece com outras crianças, que as mães conseguem identificar o que os bebês precisam apenas pela forma como choram, logo, com algum tempo de convívio.

      Por seu lado, há alguns dias, Eduardo também tenta nos mostrar o que precisa. Quando quer descansar, pega na minha mão, vai para a porta do quarto e me olha, como quem pergunta se estou entendendo. Quando eu pergunto se ele quer comer, ele pega na minha mão e me leva até a porta da cozinha. Quando ele quer brincar, ele pega na minha mão e me leva para andar pela casa, esperando a farra. Quando saímos e ele quer andar, bem, aí ele sai andando, sem esperar por ninguém. Como agora eu sei que ele sente e entende tudo, mas tem, ainda, dificuldades em demonstrar, eu fico perto dele, para que tenha a certeza que quero brincar com ele, que quero descobrir com ele e mostrar o nosso mundo para o meu filho tão amado, o meu mundo que é o mesmo dele.

       Esses dias estávamos voltando para casa e peguei ele no colo para entrar no carro. Quando comecei a ajeitar o cinto da cadeirinha, ele me puxou e me abraçou. Não queria nada. Simplesmente me abraçou e voltou para o seu lugar. Eu abracei, beijei, disse que amava e ele olhando para mim, com meio sorriso. Para uma criança que, mesmo no meu colo, se afasta de mim com os bracinhos, sutilmente, é um grande passo.

     Nesses momentos há uma sensação de que as coisas vão se acomodando dentro da gente. Talvez a esperança vença, ali, o seu eterno conflito como os anseios. Nem que depois tenha outra luta, nem que algumas vezes seja preciso cair para que a esperança vença novamente. E vamos assim, de batalha em batalha, compartilhando evoluções, alegrias, vitorias, o amor inabalável. Indubitavelmente, toda a família aprende com Eduardo, cresce, evolui.

      Ontem, Luísa deu um abraço em Eduardo e, por isso, ele chorou. Ela ficou muito sentida e chorou também. Deixei Eduardo com a avó, peguei ela no colo e conversei, expliquei que o irmão é igualzinho a ela, que gosta muito de saber que é amado. Assim, que continue brincando com ele, que permaneça demonstrando o seu amor pelo irmão, e, um dia, quando menos esperarmos, ele vai nos mostrar o quando fica feliz com todo carinho que recebe. Ela parece que entendeu algo porque saiu, pegou um brinquedo, entregou na mão dele e disse: pode pegar Dudu, o brinquedo. Acho que foi a forma dela demonstrar que está com ele, que ainda não entende bem os motivos dele chorar com um abraço, mas que isso não vai atrapalhar a relação dos dois. Ele também deve ter entendido, já que levantou e foi correr com ela. 

      Todos os dias as crianças são capazes de nos surpreender. E eu, apenas agradeço a oportunidade de ter meus anjos aqui comigo e tento aproveitar tudo que eles me ensinam.

Um comentário:

Anônimo disse...

Como é bom ver o crescimento de Eduardo! A comunicação que tanto buscamos está acontecendo! Fiquei felicíssima! Beijo, Lu

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