terça-feira, 22 de novembro de 2011

Doce novembro

"Porque aqui o mundo não será cão"
(Nando Reis)


Novembro é doce, embora traga também outros sabores variados. 

O mês começa com o aniversário de Lamartine. Este ano, acordamos o papai cantando parabéns e esperando que ele apagasse suas velinhas. Luísa liderou a comemoração do pai, pois quase todos os dias faz o aniversário das suas bonecas.

Dia 14, aniversário da minha irmã. Claro que é uma data muito feliz, entretanto, aquela saudade que já incomoda todos os dias com sua ponta, surge com força plena. É inevitável a dor que isso causa, mesmo em um dia de festa. Sim, minha querida, perto está o tempo em que a distância será apenas lembrança.

A líder Luísa também passou o dia cantando parabéns para a tia. Um das músicas foi assim.

"Com quem será, com quem será que a tiDéa vai casar"

A avó interrompe e pergunta com quem.

Luísa: "Com tio Marcus, claro"

E continua a cantoria: "vai depender, vai depender, vai depender..."

A avó continua: vai depender de que, Luísa?

Luísa: "se o tio Marcus vai querer" (risos)

Coisas de Luísa que trazem sorrisos para meu novembro.

Aproxima-se também o momento de passar férias em Fortaleza, perto da família, vivo o ansioso novembro.

Momento oportuno de avaliar resultados, pois em novembro planejamos o 2012. Agora não mais aqueles planos de novo ano, quando reinavam nas litas coisas como caprichar na dieta, ter atitudes saudáveis, fazer uma viagem, talvez. Agora, preciso trilhar a realidade de decidir outras vidas, escolher a escola dos meninos, decidir quais terapias Eduardo deverá seguir (devido a escola, Eduardo não poderá mais fazer todas as terapias que faz hoje), enfim, decidir pelo melhor caminho para os dois.

Precisamos, ainda, fazer um balanço do que foi melhor para Eduardo e investir nisso, acreditando que faremos as melhores escolhas. Os resultados nos mostram que escolhemos o melhor caminho possível e espero acertar nas próximas. Para proteção do meu equilíbrio, que tanto prezo, eu ignoro o "e se" que insiste em rondar meus pensamentos. É infrutífero. Foi a melhor escolha, o sorriso dos meus filhos são provas incontestáveis.

O resultado do balanço ainda me tranquiliza. Há 11 meses eu recebia um diagnóstico para o que era, até aquele momento, apenas medo de mãe. Sim, eu tinha procurado muito uma resposta. Sim, aquela resposta foi um choque que, em momentos distintos, paralisou e sacudiu. A partir daquele dia e por um tempo, eu era só dor e lágrimas. Quase um ano depois, eu sou só esperança. Reencontrei a alegria de olhar para o meu filho, sem pensar no que podia ter sido. Como falou meu pai, muito bem, ele é amado do jeitinho que ele é. 

Confesso que de vez em quando a esperança tira uma soneca e é neste quando que fico apavorada, me sinto abandonada e o futuro assombra meu coração. Aí, aí sim, o amor prova mais uma vez que é superior: no amor da família, eterna rocha, dos amigos, sempre com uma palavra de fé, de força, de apoio, dos meus filhos, pelos quais em sou capaz de qualquer coisa. Ontem, dia 21/11, Ane, minha querida amiga mineira, mesmo de longe, teve o poder de reviver a esperança. Alguns chegam com milagres que acontecem quando mais precisamos. Sim, sempre são escolhas que podem ser mudadas.

Mais tarde, renovada, em casa e em uma festa de brincadeiras com Luísa e Eduardo, conversei com os dois que, antes, eu tinha um grande sonho, desejo que não tinha nome, forma, cheiro. Hoje, estão aqui, são, graças a Deus, minha realidade, com o mais agradável cheiro do mundo, com os sorrisos mais bonitos, e cada um trouxe consigo, para a minha vida, um sentimento jamais imaginado, nem mesmo nas tantas noites em que rezei para ser mãe. Hoje tenho Luísa e Eduardo e não me resta nada além de ser muito feliz diante tanta realização.

Por tudo isso, aqui em casa, no nosso lar, eu não permitirei nem que o mundo cão ronde nossa entrada. Aqui sorrimos, aqui vivemos com respeito uns pelos outros e somos gentis com todos os que convivem conosco, independente das origens, das crenças, da grana. Aqui decidimos olhar para as pessoas pelos sentimentos que carregam, pela beleza de suas almas e somos cercados de pessoas iluminadas. Fato é que eu luto todos os dias para que nenhuma porta seja fechada ao meu filho, luto para que ninguém diga que ele não é capaz de algo. Difundo a certeza de que meus filhos, como crianças, podem realizar o que for, cada um observando seus próprios limites, posto que sempre há novos limites a vencer a cada limite superado. Aqui as portas estão abertas, as possibilidades são infinitas. Aqui, no nosso lar, não focamos em autismo, atrasos ou terapias. Falamos em superação, desenvolvimento, em crianças espertas e capazes. Vivemos em alegria. Aqui, somos felizes poque assim o escolhemos, também em novembro.     

Nenhum comentário:

Real Time Web Analytics