O futuro do meu filho é uma incógnita, mas o de quem não é? Ainda que fosse verdade, que Eduardo nunca fosse capaz de alcançar o desenvolvimento almejado, meu filho será sempre, junto com a irmã, minha maior alegria, meu maior presente, afinal, tudo tem sentido, hoje, por causa deles. Ninguém deveria falar que uma criança não é capaz, posto que as capacidades das pessoas sempre surpreendem. O que antes parecia impossível é, de repente, sem aviso prévio, alcançado.
Nas mensagens e conversas amigas que sempre recebo sobre o assunto, principalmente depois do blog, muitas vezes ouvi que sou especial. Não, amigos queridos e generosos, não tenho nada de especial. Sou uma mãe que, como tantas, ama os filhos com todo o sentimento que possuem. Desde que comecei a desconfiar que algo estava impedindo o pleno desenvolvimento do meu filho, tenho meus péssimos momentos. Em alguns dias, acordada e antes de abrir os olhos, tenho a ilusão de que tudo não passou de imaginação, que vou acordar e ouvir a vozinha do meu filho chamando mamãe, falando e pedindo tudo que desejar. Ali, eu sinto uma dor profunda, e questiono a vida, os motivos pelos quais meu filho não tem um desenvolvimento como o da irmã ou de tantas crianças que nos rodeiam. Penso em tudo que eu daria por uma conversa com ele, para saber o que ele pensa, conhecer, por suas próprias palavras, as novidades da escola, tudo que está aprendendo, um eu te amo. Sonho em ouvir suas gracinhas e de todo dia ser surpreendida com uma novidade, coisas tão comuns para uma criança da idade dele. Permaneço de olhos fechados e penso que não queria passar por isso, que por muito tempo eu ouvi falar em autismo como algo distante, que não significava quase nada e queria continuar assim; que Eduardo tinha o direito de viver como as outras crianças da idade dele. Geralmente, dura alguns segundos e me permito sofrer. Depois, abro os olhos para a minha realidade, para o meu filho real e amado, esqueço tudo que foi idealizado e olho para todas as possibilidades que possuímos, para tudo que conquistamos, tudo que venceremos. Se com olhos fechados eu permito o sofrimento, preciso deles abertos para viver a felicidade.
Aqui, deixo claro que em nenhum momento, absolutamente nenhum, vacila em mim a certeza de que meu filho é a realização de um grande sonho. Eduardo é um presente e vivo, com ele, muito mais felicidade do que um dia imaginei sentir. Por ele e por toda alegria que proporciona, eu passaria por autismo e por quaisquer outras coisas que surgissem. Nada como ouvir sua gargalhada quando recebe um cheiro no pescoço, sentir suas mãos tão pequenas alisando meu cabelo, chegar em casa e ser recebida por meu filho correndo para me abraçar gritando de alegria, novas brincadeiras tão suavemente aprendidas, a euforia dos obstáculos vencidos, da superação. Ah! Isso, verdadeiramente, não tem preço.
4 comentários:
Alê, não deixe esse tipo de comentário preconceituoso e estereotipado minar suas forças.
Quem o fez é ignorante e não sabe o que diz. O que importa é o seu conhecimento no assunto, os casos de tratamento de sucesso comprovados, as histórias de superação, os avanços da medicina e a força de vontade da sua família e do Dudu em passar por tudo isso da melhor forma possível.
Ale, o teu colega é muito mal informado. Ele deveria ler mais, aliás o que não falta é literatura sobre o assunto. Também deveria pedir à Deus mais compreensão do mundo em sua volta para que não cometesse mais este tipo de atitude preconceituosa e maldosa. Estamos juntas nessa, não esqueça nunca disso! Um grande beijo!
Sim meninas, obrigada pela força. Na hora a gente fica entristecida, mas, como diz uma amiga, coitada da ignorância e da incompreensão.
Beijos
A dor maior é saber que parte das pessoas que nossos filhos irão conviver têm esse tipo de visão reduzida, esse tipo de avaliação restrita e uma incapacidade de valorizar e respeitar as diferenças.
As particularidades de nossos filhos não indicam em nada que irão "fracassar" no desenvolvimento. Significa apenas que precisaram de mais apoio, mais estimulação, mais suporte.
E com certeza, dando uma sentença dessa, não vai ajudar em nada na superação das dificuldades....
Luciana
(luciana_net@yahoo.com
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