sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Balanço das férias.

Voltei de férias sentindo saudades, saudades, tantas que é impossível descrever. Não apenas pela dificuldade de expor tal sentimento, mas pela dor que a tarefa carrega. As despedidas em Fortaleza são sempre difíceis. Deixo longe familiares, amigos especiais, minha cidade, o belo mar de Fortaleza. Recebemos por lá muito amor, carinho, abraços apertados, beijos alegres, um apoio que, agora e de novo, receberei daqui, o que é diferente o suficiente para chorar.

Durantes esse período, percebi que todos notaram a grande evolução de Eduardo. Fiquei muito feliz ao comparar com a nossa última viagem, há um ano. Eduardo distribuiu beijos, abraços, carinho. Não fugiu, brincou com os primos, com pessoas que ele não convive. Parece que estamos acertando.

Também percebi que o monstro da dor nascido da descoberta do atraso no desenvolvimento de Eduardo permanece forte, embora quase sempre adormecido, geralmente inerte, até esquecido, mas sua  presença em si já tem o poder de machucar. Durante o ano ficamos tão envolvidos nas terapias, em como podemos ajudar, nos estímulos que ele precisa, em fazer tudo que é possível para o seu melhor desenvolvimento, que não nos permitimos pensar nas dificuldades. Focamos nos métodos, na estrada, nas ações necessárias e nas estratégias. Agora, nas férias, descansamos e brincamos, e, enquanto isso, não pude deixar de pensar no quanto deve ser difícil para o meu filho não falar, não expressar o que deseja, não ser compreendido tantas e tantas vezes. Minha irmã falou sobre isso e chorou, muito. Ali, percebi que machuca do mesmo jeito, sim, magoa, que o choro que vem inunda tudo, pois reúne todas as nossas preocupações, as marcas passadas da negação, a angústia do desconhecido. Não é uma dor contínua como no início, mas nos surpreende em qualquer descuido. Claro, estamos exultantes pelas conquistas, o amor por ele é incondicional, a felicidade por ter recebido Eduardo (assim como Luísa) como meu maior e melhor presente da vida nunca foi abalada, conquanto, é óbvio que se fosse possível evitar qualquer sofrimento, faríamos, daríamos tudo. Enfim, são apenas momentos. Seguimos felizes.

Filho, sei que em breve estaremos conversando e você vai dizer tudo que quer e precisa.

Por fim, minha irmã, você demonstrou, como sempre, todo seu amor e dedicação, como não podia ser diferente vindo dessa tia-mãe tão especial. Meu cunhado se desdobrou em atenção e carinho. Queridos, obrigada por tudo.

Luísa encantou.

Sempre que falámos em viagem de volta ela respondia: mamãe, não quero ir para Brasília. É filha, não teve jeito e aqui estamos. Saudade é ruim, mas apenas ocorre para que saibamos o quanto amamos e somos amados.

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