quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Novas notícias

Eduardo e suas sempre boas notícas.

                      Sobre a escola, Eduardo está cada dia melhor na adaptação. Já aceita bem a monitora, entra sem chorar, fica algum tempinho dentro da sala (uma excelente evolução, já que só queria ficar andando) e se alimenta bem. Faz o lanche e janta sopa, raspa o prato. Estamos mais tranquilos.

                    Na psicoterapia também está ótimo. A psicóloga está muito feliz com os resultados, com a interação, com a evolução initerrupta.

                    Meu filho começou a imitar, a psicóloga também notou, não parece mais impressão minha ou excesso de vontade que até fantasio coisas.

                   Ontem eu estava conversando com ele e disse que tinha entendido que ele não queria ficar ali deitado para trocar a fralda, mas que era preciso. Ele olhou bem nos meus olhos e repetiu o não, falando e balançando a cabeça. Mais interação, melhor. Quando terminamos, ele olhou e bateu palmas, dizendo: êêêêê. Rimos muito, de felicidade pela reação dele. 

Enfim, tantas coisas positivas e eu não entendo os motivos de, hoje, eu só conseguir chorar.

                     Sabe, filho, hoje os meus dias são felizes. Você me ajudou a tirar dos meus olhos uma venda posta no dia que li em algum lugar que havia um atraso proveniente, talvez, de autismo. Aquilo até me deixava ver, mas era tudo tão turvo, meu amor. Até pensei que não fosse capaz de corresponder ao que você precisava. Por um momento eu achei que ficaria ali, parada, sem me mover, que minha capacidade de reação tinha fugido para longe. Livre da venda, consigo enxergar nossa vida, meu amor por vocês, os meus presentes, tudo que você supera todos os dias, tão pequeno, tantos ensinamento, uma oportunidade única, de compreender, enfim, que condição nenhuma pode superar o ser. Eu vejo com clareza que você é o meu filho lindo, muito amado e esperado, tão inteligente, com um olhar tão forte e sedutor. Eu sinto tanto orgulho dos meus filhotes, de você e de sua irmã. 

                   Talvez o choro seja decorrência do cansaço. Agora que o papai não mora mais com a gente, ficou bem complicado correr de um lado para o outro, trabalhando o dia inteiro.

                    Talvez seja comum que uns momentos de tristeza simplesmente aconteçam, e pronto. Li, hoje, um relato de uma mãe que superou uma história tão complexa, que viveu por um período em um mar tão revolto, que a nossa, filho, se fosse possível compararmos, poderia parecer uma piscina desocupada de tão calma. Embora outras histórias não tornem a sua superação menos bela, são capazes de nos fazer abandonar pelo caminho aquela bobagem de questionar sempre: Por que eu? Por que comigo? Acontece com a gente, da mesma forma que acontece que qualquer pessoa. Não dá pra saber se existe algum sentido nessa distribuição aleatória de dor e amor, alegria e desespero, felicidade e tristeza. Sei que recebemos a vida em nossas mãos e o que fazemos com ela, guiará nossa existência e a daqueles que nos rodeiam.

                 Talvez eu chore porque, embora aceite que o vento tenha levado nossa vida exatamente para onde ela está agora, eu sonho muito com conquistas futuras e, por isso, a angústia não cede. Essa ansiedade acaba comigo.

                     Sei que somos felizes, filho. Sim, mas vivemos algumas situações que só ocorrem pela falta de comunicação entre nós dois. A fala faz tanta falta. E fico triste, não tem jeito. Um pouco só, tá?

                Eduardo adora andar, passear, sair de casa. Ontem desci um pouco com ele e pegamos uma direção. Eduardo ficou muito irritando, gritava, tentava me bater. Eu não conseguia entender o que era. Continuei andando até que ele foi ficando mais calmo e, em alguns minutos, estava feliz em sua caminhada. Eu fiquei arrasada. Talvez ele só quisesse pegar outra mão, vejo Luísa fazendo isso sempre. Ou não quisesse pegar aquela direção. Ou não tivesse entendendo que iríamos sim, passear. Talvez ele ... talvez.. Eu queria ouvir a vozinha dele me dizendo sim, não, qualquer coisa que me ajudasse a entender seus desejos. Eu queria entender para que ele não ficasse tão irritado por não conseguir se comunicar, por não falar.

               Agora, Eduardo puxa a minha roupa, se posiciona na minha frente e fica olhando, esperando um abraço. É verdade que ele faz de tudo para demonstrar o que quer. Entra na cozinha, pega o copo e vai entregar na nossa mão, avisando que quer suco ou água. Algumas coisas eu entendo bem. Mas outras, filho, eu não consigo. Perdoa a mamãe tá? Eu garanto que estou fazendo de tudo para entender. Daqui a pouco você vai falar e vai superar a dificuldade dessa sua mãe boba.

                

6 comentários:

Daniela Laidens disse...

Vai falar, sim!!
Alê, eu acreditei nisso com todas as minhas forças e está acontecendo com a Giovana... tu deves saber. Ela já se comunica conosco. Primeiro, uma palvrinha... depois vieram duas, depois três! E assim conseguimos entender tudo o que ela quer! Era o nosso grande sonho e aconteceu! Espera ele fazer 4 anos... me diziam que era a idade mágica! E foi exatamente assim... Um beijo, querida!

Nivea disse...

"...nenhuma condição supera o ser", que coisa mais linda Alê. Já parou pra perceber como a sua angústia só teve efeitos positivos pro Dudu?
Aquela sua angústia inicial de que tinha algo diferente no desenvolvimento dele quando todos os médicos diziam que não era nada? E a sua angústia não te deixou desistir e ele teve um tratamento adequado desde o início e hoje vemos claramente a sua evolução. Então amiga, continue tirando proveito desse sentimento que te faz chorar pq ele dói, eu sei que dói e, logo, logo ouviremos a voz do Eduardo ecoando nos nossos ouvidos. Um beijo em todos.

Elaine(mãe do Gabriel) disse...

Em alguns momentos me vejo nas mesmas situações, é tão difícil, a fala faz tanta falta.

Anônimo disse...

me emocionei com suas palavras...

Anônimo disse...

suas palavras me emocionaram...

Anônimo disse...

suas palavras me emocionaram...

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