terça-feira, 24 de maio de 2011

Comportamento e terapias.

      Alguns dos profissionais que lidam com Eduardo perceberam alguma perda em Eduardo. Ele, que estava sentando mais, conseguindo um pouco de concentração nas atividades, está querendo fazer só o que deseja, ficar andando de um lado para o outro, sem parar para nenhuma brincadeira, sem olhar pra gente, apenas pegando os brinquedos e jogando no chão. Já há muito tempo não fazia isso, se interessava pelos jogos e brincadeiras, tanto fora quanto em casa.

      A psicóloga já tinha alertado quanto a essa possibilidade. Na verdade, eu acho que ele está nos testando, tentando descobrir até que ponto cedemos, até que ponto ele pode se rebelar e fazer o que quer, até que ponto permaneceremos firmes e quando desistiremos. Eita rapazinho, pode se conformar porque desistir, por aqui, nem pensar.


     Então continuamos estimulando, conversando e imitando. Ele ainda não me imita, mas percebo que já me olha, quando é o imitado. A orientação da psicóloga foi que eu imitasse Eduardo, nos seus sons e nas suas estereotipias. Então, lá estou eu, fazendo tudo que ele faz e falando como ele fala.


    No começo é muito estranho. Ele falava de um jeito e eu tentava reproduzir, mas saía de uma maneira tão diferente. Agora entendo porque não sou boa em aprender outros idiomas. Depois, vi que tentando por alguns dias, os meus sons foram ficando cada vez mais parecidos com os dele. E, para minha surpresa (confesso que muitas vezes duvidei daquele método), Eduardo começou a olhar para mim, quando eu conseguia falar um som parecido com o dele. Daí, começou a me buscar. Quando me quer por perto, pega minha mão e simplesmente me puxa. Isso pode parecer pouco, mas para mim, que convivi por quase dois anos com um bebê que nunca veio me mostrar nada, que nunca compartilhou nenhum interesse comigo, que chorava e saía na direção oposta a que me visse, sentir a mãozinha do meu filho me puxando para algum lugar, tentando me mostrar o que quer, é uma vitória e tanto.


      Agora, se imitar o som já era estranho e foi difícil, imaginem imitar a estereotipia. Eduardo põe os dedinhos no pescoço ou bate as pernas e braços, rápido. A primeira vez foi horrível, eu me senti péssima. Depois, comecei a perceber os momentos que ele repetia o gesto, quando estava muito chateado ou agitado. E, um dia, ele olhou pra mim na hora que fazia, e respondeu. Hoje eu acho que ele está diminuindo, aos poucos, cada vez mais, esta estereotipia.

     O bom de imitar é que fazemos isso em casa, a qualquer hora, sem necessariamente ter que ser acompanhada de outras pessoas ou ter que ser terapeuta. Não é um trabalho ou terapia que faço com meu filho. É um modo de interagir com ele que vai ser bom, ajudar. Sou mãe e brinco com Luísa, de cantar, dançar, boneca ou massinha, ou ainda rabiscando, já que ela ama lápis, e entramos no mundo da imaginação. Com Eduardo, não fazemos isso, então estou aprendendo uma forma de brincar com meu filho, para que ele entenda que podemos brincar juntos e que será divertido. Se imitar tudo que ele fizer for o caminho, posso até aprender a plantar bananeira, caso ele decida brincar comigo de cabeiça para baixo.

4 comentários:

Cristina disse...

Alê me indentifiquei muito com sua história..tenho o Saulo Daniel
(4 anos) que foi diagnosticado bem cedo também..e hoje vemos como ele melhorou..e a melhor das terapias é concerteza o nosso amor e nossa dedicação..beijos amiga Cris

Ana Paula disse...

Oi Alessandra!!!
O meu Vítor faz exatamente como o Eduardo, corre de lado para outro... começa a brincar com um brinquedo e depois pega outro e por aí vai. Adora jogar brinquedos no chão e colocá-los na boca!!!

O Vítor já vai para a escola. Na sala de aula ele não faz as atividades,não fica sentado, só quer andar., correr de um lado pro outro.Perguntei para o neuropediatra se esse jeito do Vítor é hiperatividade, o médico disse que é muito cedo para dizer se ele é hiperativo.
Sabe Alessandra, o Dr. Salomão disse que meu filho está enquadrado no espectro autístico, mas não dá para fechar o diagnóstico porque ele é muito novo . Perguntei pra ele se pode acontecer da criança ter as características autísticas e não ser autista e a resposta foi sim.
Por isso que o diagnóstico não se fecha com menos de 5 anos.
Sobre o contato visual,
Uma dica... o Vítor qdo começou o tratamento com Fono. ele não tinha muito contato visual. A fono me orientou a colocar do lado da minha boca o brinquedo ou qualquer objeto e falar o nome do objeto.
outra coisa que deu certo são as bolinhas de sabão, esse brinquedinho vc assopra e sai bolinhas e a criança fica olhando pra vc esperando as bolinhas...uma forma de interagir .
Hj o Vítor hj tem um pouco mais de contato visual.

Alessandra vc tem msn?
o meu é paulasgarcia@hotmail.com
bjsss

Anônimo disse...

O Bruno também fica querendo fazer o que deseja, e não gosta nadinha quando lhe é colocado algum limite, pedido, solicitação. Não é fácil contornar,mas vamos tentando.
Luciana

Janaína Mascarenhas disse...

Querida, já te linkei lá também.
Como é bom comemorar as vitórias dos nossos filhos, não é? Cada mínima coisa... Temos uma história de vida parecida, acho que temos muito que aprender uma com a outra. Estarei sempre aqui acompanhando as novidades de Edú. Beijão.

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